Mucama china do patrão
Pra tudo tem serventia
A mulata do casarão
Apenas chinoca de cria
Batia sanga na sanga
Enquanto puxa pelota
No arroio ida e volta
O escravo, boi da canga
Era a fartura do charque
E foi por esta economia
Alimento de destaque
O Rio Grande bancou o ataque
Antes do clarear do dia
“
Na senzala o silêncio cala
Só a faísca do facão
Ilumina a escuridão
Eé um canto que fala
Guerreiro santo que embala
A dança ou religião
Ninguém morre ou mata
É pra curar a chibata
Que dói a alma e o coração
Quando o mandalete maltrata
O lombo do outro irmão
Não importa quanto doa
A consciência jamais perdoa
Quem perde a razão
“
E a mão negra
Que chairou a faca
No couro do gado
A mesma do barro socado
Donde saiu telha e tijolo
Tu seguiste sendo o miolo
Guasca de muita importância
Na cozinha e no galpão
Ergueste as Estância
Embora houvesse ignorância
De te manter na escravidão
Mas tua raça era liberta
E se fez descoberta
No corpo lanceiro da Revolução
“
O desgarreteador virou lança
Boleadeiras saíram ao léo
Rumo a campear esperança
Do inimigo levar um buléo
De em pelo sem espora
O sangue era a tinta da pena
Liberdade escrita sem pena
Nos anais virou lenda
Pastoreio nome fez juz
E graças a tua luz
que é um pavio da vela
que tu não” junta as canela”
e anda a rondar as fazenda
no ofício de changueador
Guilherme Moralles
República Riograndense
PELOTAS

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